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26 agosto, 2016

Linha do Tua concessionada a privado por 50 anos



Resistiram os 12km do troço Mirandela-Cachão, dos 134km da Linha do Tua. Entre as duas localidades ainda fazem serviço de passageiros 4 comboios da CP por dia, em cada sentido. Agora, mais 17km serão explorados como percurso turístico, com Comboio a Carvão num projecto privado. A longa história iniciada em 1992, com o encerramento do troço entre Mirandela e Macedo de Cavaleiros, que viria a culminar com o encerramento quase total da Linha, tem agora um desfecho que a EDP negociou com o Empresário Mário Ferreira.

A empresa de Eletricidade está implicada, visto que a construção da Barragem do Tua, na foz do rio Tua (a cerca de 1100 metros da sua confluência com o Rio Douro), trouxe o projecto de uma albufeira que inundaria 16km da Linha do Tua. Em 2011, o Ministério de Economia apresentou o "Plano Estratégico dos Transportes: Mobilidade Sustentável, Horizonte 2011-2015", que propôs a suspensão da reativação da Linha do Tua ( Corgo, Tâmega e Figueira da Foz).

Esta solução que agora surge converte definitivamente o que já foi uma linha ferroviária de passageiros de uma região com 134km num projecto turístico privado que irá durar meio século e que funciona em apenas 17km, e que não serve as populações numa lógica de mobilidade integrada.

Os empresários têm toda a legitimidade para procurar estes acordos e para explorar as suas concessões. O que é difícil de compreender são décadas de decisões políticas que levam à remoção das redes ferroviárias existentes, que prejudicam a mobilidade das populações e que no final separam o transporte de passageiros do transporte de turistas, como se uns e outros tivessem de ser diferentes. É difícil aceitar que este desfecho seja resultado de um acumular de outra coisa que não sejam más decisões. Vamos continuar a defender mais e melhor transporte ferroviário.